Monday, December 1, 2014

1 de Dezembro de 2014

Olá a todos os Urutaus que acompanham essa pequena página cheia de problemas ansiando para serem resolvidos pelos mais desteminos. Vamos começar hoje e agorinha mesmo uma rápida jornada pelo Tarot nos 31 dias de Dezembro. Espero que vocês possam aproveitar comigo essa sequência de lições que aglutinam um certo conhecimento antigo que nos foi brindado por visitantes ilustres ao longo da evolução planetária.
Para fazer um pouco mais de suspense, antes de começar eu gostaria de explicar um pequenino detalhe. Por que Dezembro? Bom, Dezembro é o mês dos problemas e nada mais convidativo para falar de problemas na época deles, não acha? Para os que se perguntam o motivo de Dezembro ser o mês dos problemas a resposta é bem simples. Por trás desse blog há um velho jovem que escreve com um arcabouço próprio de conhecimento que, por ventura, assimilou o mês de Dezembro como o mês dos problemas. Não por menos, Dezembro é o mês de Sagitário, quer energia mais problemática que a de Sagitário? Saindo da casa da morte e das profundezas de Escorpião para entrar no furacão que é Sagitário. Marcadamente poderíamos citar que muitas das mais grandiosas mortes da história das religiões aconteceram no mês de Dezembro (e não me refiro só a Jesus, por favor).
Bom, acho que agora poderemos começar os trabalhos. Então que comece a Macumba!
Vamos inciar o mês de Dezembro não com uma, mas com duas cartas, bem como eu posso adiantar que vamos terminar Dezembro, também, com duas cartas. Motivo? Simples. Eu não estruturo o Tarot de maneira aberta como usualmente o fazem os estudiosos e macumbeiros de plantão. Costumo fechar o Tarot de maneira cíclica. Explico. O Tarot pode ser entendido como uma representação do caminho da evolução espiritual humana. Valendo-se dos ciclos reencarnatórios, criou-se um jargão que traz a ideia de que a alma voltará ao plano material tantas vezes quantas lhe forem necessária até a real libertação das dores do plano material. Esse jargão muda de religião para religião, mas sempre é o mesmo em essência. O Cristianismo o deturpou bastante, mas está lá com o nome de “purgatório”, talvez para os mais curiosos a obra de Dante sirva como ajuda para avançar um passo nesse entendimento. Aqui, no entanto, vou lançar mão de uma linguagem mesclada e oriental na qual “sansara” é o jargão que uso para descrever o que expliquei acima, isto é, o ciclo reencarnatório da alma. Em resumo, nascer, morrer e renascer de novo tal é a lei (como os espíritas adoram recitar de ponta cabeça) é nada menos que um processo cármico natural das almas presas no ciclo das dores desse mundo. Sim, você entendeu muito bem: “...se está vivo, tem problema.” Não é lindo?
Então, eis as duas cartas com as quais vou iniciar. Primeiro “O Tolo” e segundo “O Mago”. Como eu disse no parágrafo anterior. Duas cartas pois eu trabalho com o ciclo fechado. Então, quem é quem? A carta “O Tolo” traz consigo muito da simbologia Nórdica que, por ignorância da minha parte, não abordarei muito aqui. Mas é sabido que a carta “O Tolo” representa a nós mesmos, isto é, a consciência. É irônico chamar “O Tolo” de “consciência”, mas é o que é. A consciência é quem inicia a jornada nos diversos mundos e realidades do universo e ela é quem estagia em todas as esferas possíveis para o próprio lapidar de valores cósmicos e divinos. Portanto, “O Tolo” é a carta de começo e, por isso mesmo, a mais discutida entre os macumbeiros e tarólogos de plantão. Motivo? É uma carta de início para tudo e é representada pelo número 0, um número pouco entendido mesmo fora dos círculos das pseudo-ciências (como eu adoro dizer). O número zero representa, sim, um valor. Talvez os tibetanos sejam os que mais compreenderam a poesia do número zero, chamando-a de “o nada”. Parece um tanto óbvio e sem a menor importância, mas pare para pensar no que isso realmente quer dizer. Se há “o nada”, então por que medo? Por que raiva? Por que fome? Por que dor? Por que alegria? Por que euforia? Por que tanta coisa se há “nada”? Há o que realmente há? Bom, muita coisa que há ao nosso redor só existe pois “O Tolo” se inseriou nisso, criando desse “nada” algo no qual se pudesse experimentar as leis divinas. É parte de um processo apenas.
Falando em processo, podemos observar que na carta “O Tolo” é visível que o pobre andarilho se encontra em um transe para com o próprio destino em um processo hipnótico, indo em direção ao precipício do mundo. Observe que em uma das mãos “O Tolo” segura uma rosa branca que simboliza esse falatório todo sobre “o nada”, isto é, a página em branco. Talvez, John Locke amaria dizer que a carta “O Tolo” seja o símbolo máximo do empirismo. Sim, pois, tal como uma página em branco, “O Tolo” se lança nas experiências do existir para preencher essas páginas em branco das pétalas da rosa branca que ele segura.
Outros elementos importantes na carta “O Tolo” podem ser observados para esse primeiro dia de Dezembro. Temos que uma pobre cadelinha late para o hipnotizado andarilho, na vã tentativa de anunciar o perigo de cair no precipício. É um tanto óbvio que isso não salvará o andarilho, mas a consciência animal que é representada na carta sob a forma de uma cadelinha branca sumariza a imagem da ingenuidade cega e do bom servo apegado e prestativo. Há também um imenso sol a brilhar no lado superior direito da carta, justaposto à posição do sígno cardinal de Escorpião, isso por si só já é um fato curioso e impressionante. O sol que brilha como um imenso “EU” gritanto nas profundezas do símbolo de Escorpião dita, para nós, a realidade dessa figura misteriosa que é “O Tolo”. Talvez, tenhamos aqui só mais uma pista de como o ego e a identidade da consciência leva a alma em direção aos muitos abismos de si mesma.
Por enquanto creio que já lançamos uma boa visão, ainda que rasa, na carta “O Tolo” para o dia de hoje. Passemos agora para a carta do dia, isto é, a carta de número 1. O número 1 geralmente simboliza o início e a ação de começo, sendo a carta do Tarot que o representa um símbolo áureo da ação no mundo material pelo viés do conhecimento pleno do mundo espiritual.
A carta “O Mago”, de número 1, traz consigo todos os instrumentos necessários para o desenvolver de qualquer atividade no mundo físico, esse em que vivemos por tempo limitado. “O Mago” age no mundo físico através da plena consciência da realidade espiritual e, portanto, sua maestria consiste em lançar mão de todos os recursos certos para bem agir em cada momento da caminhada. Contudo, vale lembrar que essa carta pode ser apenas o início da glória ou o início da desgraça. O encontro com essa carta nos entrega quatro escolhas (os quatro objetos na mesa) das quais devemos lançar mão de maneira equilibrada, tal qual a própria figura do jovem feiticeiro mostra (uma mão regendo os céus - o mundo dos espíritos - e outra os infernos - o reino dos chamados vivos).
É um tanto curioso que nosso primeiro encontro seja com uma figura de tamanha grandeza, mas isso, também, pode estar ligado com o fato de que nós, desde o início, já somos tão grandes quanto podemos conceber sendo nosso trabalho descobrir, por meio desses rudimentares instrumentos ofertados pelo feiticeiro, a própria mágica de nós mesmos.
Enfim queridos leitores, eu sinto que devo parar por aqui, pois já me cansa a mente e o corpo e suponho que os que chegaram até aqui possam me desculpar por esse texto tão longo e tão tortuoso. Os próximos serão mais simples (suponho), visto que trataremos apenas uma carta por vez. Então, espero ver alguns de vocês por entre essas páginas azuladas.

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