Sunday, August 3, 2014

Lições Sertanejas

Não muito por acaso reencontrei uma velha música que me foi um presente de alguém muito querido. Há pouco mais de um quinquênio tive contato com as letras incríveis de Almir Sater, mas em especial a música Tocando em Frente deixou em mim um registro profundo das lições mais simples e belas da vida, essas que gostaria de compartilhar aqui.
Obviamente a música é muito conhecida através da maravilhosa voz de Maria Bethânia a qual deixo aqui, também, como uma pequena introdução:


Mas após apreciar ou deleitar-se com a canção gostaria de dedicar pequeno tempo para revisão das palavras melodiosamente colocadas. Para tal deixo a letra da música abaixo:

Tocando em Frente

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Todo mundo ama um dia
Todo mundo chora
Um dia a gente chega
E no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Conhecer as manhas
E as manhãs
O sabor das massas
E das maçãs

É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz

Almir Sater & Renato Teixeira

Preciso agora dizer que minha perspectiva de análise se dará dentro de meu arcabouço de conhecimento espiritual, religioso, filosófico, científico, emocional, psicológico e que, portanto, não estou isento de falhas e má interpretações. Todavia, darei o melhor de mim. Comecemos?

Nosso sorriso e caminhar é fruto de nossa volumosa experiência de vida, essa mesma que se deu pelo aprendizado do sofrimento e das dores, dos rangeres de dentes e das angústias, toda sorte de tristeza que nos fez chorar demasiadamente.
Nossa condição atual, mais feliz, deu-se pelo que já passamos, legando-nos a lição maior da humildade, pois nossos sofrimentos e lágrimas foram as marcas de nossa arrogância, essa mesma que se desfaz ao reconhecermos que pouco ou nada sabemos, apesar de conhecermos os meios e os momentos certos e sabermos mensurar e divisar as qualidades das situações.
Na vida o fluxo dá-se através de amor e a felicidade verdadeira é possível quando os conflitos de toda ordem estão sanados, mas tais conflitos são necessários, pois entre meio a penumbra da tempestade é que nasce o anseio pelo aprendizado do cultivo de paz.
Percebe-se que viver, então, é notar esse fluxo, que naturalmente empurra-nos no sentido de nossas necessidades de aprendizado. Portanto, humildemente e sem muito contestar, vamos pelo caminho que nos é indicado, esse caminho que tão imenso é, mas que se revela a nossa própria construção.
Assim passamos pela lição do desapego experimentado pelas tantas vivências, sofrimentos correntes que como ondas vêm e vão. Todavia, é preciso lembrar que não podemos nos abandonar em ciclos viciosos da vida, o constante ir e vir das ondas mas lembrar que somos os arquitetos da própria vida e que temos a plena capacidade de construir a felicidade.
Enfim, está acima minha rápida interpretação, deixo-lhes agora a versão original cantada pelo Almir Sater:


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